10 de ago. de 2011

O virgem


Não era exatamente bonita, mas sabia ser encantadora. Seu recato combinado com ironias, sacarmos, era quase que uma característica pervertida. A pele branca e a delicadeza dos traços conferiam um ar de fragilidade. Ou talvez fosse um pouco de falta de saúde. Não se sabe. A linha da roupa sobre o colo, o pequeno  arco sobre o decote, quase um efeito hipnótico, ele pensou. Talvez tudo fosse calculado. A coisa da conquista nem existiria. Papéis sociais a serem compridos. Ele, o "cara", que vai conquistar a mocinha. Apesar disso era um enredo inusitado, pois nessa dança parecia que ela o ensinava como deveria ser conduzida. Tudo tão sutil que ele quase não perceberia, ou não deveria perceber. Fascinado, ele não se importava. Ser amigo, amante, platônico, neandertal, ele apenas queria ser. Ela, fêmea, maior, não era daquelas que comeria o macho após a cópula, mas era tão fêmea que, fatalmente, ele desfaleceria.

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