18 de jul. de 2010


A carga emocional que podemos atribuir a objetos é algo que pode lindo, fantástico, ridículo ou até mesmo fútil. Depende de quem vê e de quem sente. Memórias que são acessas com cheiros, sons, objetos.  A memória é melhor fixada atraves da repetição. Pois as pontes entre os neuronios tornam-se mais duradouras. 

Dois meses após a morte do meu pai, estava almoçando com um amigo em um shopping na cidade de São Paulo. Tinha um pernil. Meu pai era louco com pernil. Eu servi o prato, sentei-me na mesa e comecei a chorar copiosamente. Meu amigo ficou assustado. Correu para buscar água com açúcar, tentava me acalmar.  Quando eu consegui finalmente falar, eu disse: O PERNIL...

Ele falou: Mas você tá chorando por causa do pernil? Acabou? Você queria um pedaço??

Eu comecei a rir. A gargalhar. 

Para quem não conhece o meu pai. Nunca foi escolher um porco com ele em uma granja, nunca ouviu as histórias dele sobre carne do porco e o quanto gosta de um pernil bem preparado, para quem não ouviu 24 anos de tantas historias de carne do porco, fazendas, lamento, não vai entender. 

A símbolo do pernil não me faz mais chorar copiosamente, mas eu ainda não sei se consigo comer pavê.

2 comentários:

  1. Entendo essas memórias tão nítidas. Ja senti arrepios com um aroma de perfume bem conhecido passando por mim na rua, e uma melancolia indescritível ao ouvir, trinta anos depois, uma musica que marcou minha adolescencia.

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  2. Memórias... Cavalos alados que correm pela imensidão da mente! Surgem e aparecem! Como raios que iluminam um momento e nos trazem coisas que as vezes deixamos no escuro da mente!
    bjoss e meus sinceros sentimentos!

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