Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis da meteorologia,
a toda hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia.
Convergem: a aparência e os efeitos
da lente do comprimido de aspirina:
o acabamento esmerado desse cristal,
polido a esmeril e repolido a lima,
prefigura o clima onde ele faz viver
e o cartesiano de tudo nesse clima.
De outro lado, porque lente interna,
de uso interno, por detrás da retina,
não serve exclusivamente para o olho
a lente, ou o comprimido de aspirina:
ela reenfoca, para o corpo inteiro,
o borroso de ao redor, e o reafina
*João Cabral de Melo Neto
Meu reino por uma aspirina.
Cefaliv
Neosaldina....
"Mesmo sem querer fala em verso
ResponderExcluirQuem fala a partir da emoção" - joão cabral de melo neto
BRAVO! ÓTIMO POST!
me lembrei da Macábea Clariceana... não sei porquê.
ResponderExcluirela vivia tomando aspirinas.
"aspirinas para dores existencias..."
rsrsrs.. Amei o post!!
ResponderExcluirO máximo!!rsrs
bjos =*
sim, as vezes precisamos de uma aspirina pra expirar de fora tudo que está doendo por dentro.
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